Ana Andrade
O presente post serve para divulgar um projecto interessante
e inovador, no qual Portugal terá uma participação activa.
“Projeto de dez anos é coordenado em Portugal por Nuno
Peres, da UMinho
O consórcio Graphene Flagship vai receber 500 milhões de
euros da União Europeia durante dez anos. O projeto reúne 600 equipas e é
liderado em Portugal por Nuno Peres, da Escola de Ciências da Universidade do
Minho. O anúncio vai ser feito esta segunda-feira pela vice-presidente da
Comissão Europeia, Neelie
Kroes, em
Bruxelas. Além do grafeno (carbono bidimensional, com ampla
aplicação na eletrónica), o concurso milionário “Tecnologias Futuras e
Emergentes da UE” distingue com a mesma verba o Projeto Cérebro Humano, que
junta 100 equipas para simular o nosso cérebro num supercomputador.
O grafeno é normalmente obtido pela esfoliação da grafite,
existindo também nos bicos dos lápis. A sua descoberta deu o Nobel da Física a
Andre Geim e Konstantin
Novoselov, da Universidade de Manchester, com quem Nuno
Peres colabora desde 2005. As propriedades únicas do material vão revolucionar
tecnologias à nanoescala em múltiplos sectores, promover o desenvolvimento
económico, criar empregos e melhorar o dia-a-dia dos cidadãos, refere a UE.
Nas inovações estão, por exemplo, interfaces óticos,
dispositivos digitais flexíveis, resistentes e rápidos (como papel eletrónico
ou aviões mais leves e eficientes), além de baterias avançadas, painéis táteis
para comunicações móveis, células solares, sequenciação das bases ADN,
detetores de radiação
electromagnética, sensores de moléculas, sensores de tensão
em estruturas, metrologia, e, mais tarde, novos paradigmas computacionais e
aplicações médicas vanguardistas, como retinas artificiais.
Investigação sem precedentes
O Graphene Flagship é um consórcio sem precedentes na
pesquisa europeia do grafeno. É coordenado por Jari Kinaret, da Universidade de
Tecnologia de Chalmers,
Suécia, e alia 348 universidades, 182 centros de ID, 50
empresas e quatro fundações, entre outros. Tem metas muito claras e reúne toda
a cadeia de valor, desde a produção de materiais à sua integração em sistemas e
componentes. Entre os membros do conselho consultivo estão os dois Nobel, e
responsáveis da
Nokia e da Airbus. O projeto arranca com 126 grupos
académicos e industriais de 17 países, incluindo Portugal, tendo 54 milhões de
euros para os primeiros
30 meses. A investigação será alargada em breve a mais 30
grupos, através de candidaturas.
“O programa é muito extenso, mas não cobre todas as áreas.
Por exemplo, não tencionamos competir com a Coreia do Sul na área dos ecrãs de
grafeno. Contudo, produzir grafeno é obviamente central para nós”, refere Jari
Kinaret. O projeto europeu foca-se em particular nas tecnologias de informação
e comunicação
(TIC), transportes físicos e aplicações de suporte na energia
e sensores, sendo que deve juntar mais áreas no âmbito do Horizonte 2020 da UE.
Nuno Peres considera que Portugal “tem tido um papel
importante na área”. “Esperamos que a investigação fundamental se transfira
rapidamente dos laboratórios para novas aplicações e novos produtos comerciais,
que permitam criar postos de trabalho, riqueza e melhorar a qualidade de vida
dos cidadãos”, realça o português, que é um dos principais teóricos mundiais na
área e já venceu os prémios Gulbenkian Ciência e Seeds of Science.”
Fonte:
Escrito por CienciaPT 28-Jan-2013
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