Ana Andrade
O armador espanhol, Naviera Armas faz este fim-de-semana a sua última viagem na linha canárias, Madeira Portimão. É lamentável, porque com esta saída voltamos à fórmula inicial, ou seja, a Madeira volta a perder uma ligação marítima com o continente.
O armador espanhol, Naviera Armas começou a realizar viagens para o Funchal em 2006, com uma ligação entre as Canárias e a Madeira. Dois anos depois, em Junho de 2008, o armador espanhol iniciou a rota, Madeira Portimão. Assim, muitos anos depois os madeirenses voltavam a ter uma ligação marítima ao continente e uma alternativa ao avião. Na altura muitas vozes levantaram-se contra a presença da Naviera Armas, mas o armador permaneceu e foi conquistando os madeirenses, quer anónimos, quer empresas que começaram a ver o transporte de mercadorias facilitado. Semanalmente habituamo-nos à presença do navio no porto e habituamo-nos a encontrar frutas e legumes mais frescos e mais baratos nos supermercados.
É certo que no Inverno o armador espanhol perdia muito mais do que ganhava com esta rota, mas no Verão ganhava mais do que perdia. Muitos madeirenses aproveitaram para visitar o continente com um preço acessível – já que o que uma só pessoa paga para viajar na TAP, dá para quatro no armas – e continentais aproveitaram para visitar a Madeira.
Segundo o DN Madeira, a Naviera Armas culpou exclusivamente o Governo Regional por este desfecho, visto que recusou um pedido de redução de taxas portuárias feito pela companhia espanhola. Já as empresas aceitaram o aumento no custo do transporte de mercadorias proposto pelo armador espanhol. Nestes últimos dias crescia a expectativa dos madeirenses em torno desta questão, já que soube-se que na passada segunda-feira, o armador endereçou ao Governo Regional uma carta onde fazia o tal pedido de redução das taxas. Mas ontem, Sexta-feira, a secretária do Turismo e Transportes informou que o executivo não aceitava essa reivindicação. De pouco valeu as petições e o apoio dos empresários, o governo não aceitou baixar as taxas portuárias e assim sendo a Naviera Armas despede-se da rota este fim-de-semana. Segunda-feira o Volcán de Tijarafe faz a sua derradeira escala no Funchal. Ainda segundo o DN Madeira, a Armas não tem intenção de voltar a realizar ligações semanais entre Madeira e Canárias apenas nos meses de Verão, tal como aconteceu em 2006 e 2007.
Ora, com a saída da Naviera Armas da linha, os madeirenses ficam a perder. Perde-se a ligação marítima com o continente, perdem-se turistas, perde-se o transporte de mercadorias mais fácil e barato e perde-se oportunidades de negócio, principalmente para as empresas que começaram a exportar frutas e legumes para Canárias. Sobra a indignação, a revolta e a questão: será que o governo regional não podia arranjar uma forma de chegar a acordo com o armador espanhol, um acordo que fosse benéfico para todos, sobretudo para os madeirenses?
