sábado, 24 de novembro de 2012

Há Coisas Que Não Consigo Perceber…



Ana Andrade

Há coisas que não consigo perceber e uma delas é a posição da Igreja Católica no combate a SIDA em África. Este é um tema delicado, um tema sobre o qual muita gente já escreveu e continuará a escrever, uma vez que não estará para breve uma adequação das leis da Igreja à realidade do problema. Digo eu.
Escrevo este texto não como uma especialista no tema, mas sim como uma cidadã a quem provoca revolta a atitude da Igreja. Então não seria mais fácil a Igreja Católica juntar-se às equipas da cruz Vermelha e de outras organizações que, em África, tentam a todo o custo fazer as populações perceberem que usar o preservativo é uma forma de evitar a propagação da Sida? Será certo condenar aquelas crianças à morte mesmo antes de nascerem?
Revoltou-me o facto do atual Papa - não sei precisar quando ocorreu tal situação, mas sei que nunca mais me esqueci – Estando num país africano onde a taxa de infeção de HIV é elevadíssima em crianças, contrariou os médicos e sugeriu que em vez do uso do preservativo deveriam antes fazer abstinência. Ingenuidade da Igreja, porque dificilmente alguém faz abstinência numa daquelas tribos onde as mulheres são completamente submissas e onde os homens têm relações com grande parte das mulheres da tribo. Logo, está visto que essa não é a solução.
Posto isto, volto a questionar: Então não seria mais fácil a Igreja Católica juntar-se às equipas da cruz Vermelha e de outras organizações que, em África, tentam a todo o custo fazer as populações perceberem que usar o preservativo é uma forma de evitar a propagação da Sida?
Tudo bem que será difícil as populações aceitarem a utilização do preservativo, mas talvez mais depressa usam um preservativo do que fazem abstinência.
E para culminar este meu texto, deixo-vos um pequeno excerto do DR. Júlio Machado Vaz, do seu livro: O Amor é.
“Dir-me-ão que em matéria de certezas ninguém leva a palma a alguma hierarquia da Igreja Católica. E que todos adoramos ver o mundo a preto e branco, dividido entre nós e os outros, os quais — imagine-se a coincidência! — são sempre os culpados, os imorais, os desviantes, enfim!, os «outros», no que a palavra tem de arrogância discriminatória e medo ameaçador. De acordo. Se cada vez mais os católicos das sociedades desenvolvidas consideram do foro privado as suas opções em matéria sexual, o que a Igreja (não) faz em África no que à utilização do preservativo e consequente prevenção do VIH diz respeito é de uma cegueira atroz e mortífera. Talvez um dia ouçamos um pedido de desculpas, mas entretanto a fé de milhões de pessoas terá contribuído para que sejam dizimadas.”.


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